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Ex-presidente da Beija-Flor e sobrinho de bicheiro: quem é Ricardo Abrão, que assumiu mandato de Brazão na Câmara

Mesa Diretora da Câmara dos Deputados cassou o mandato do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Ele é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da...

Ex-presidente da Beija-Flor e sobrinho de bicheiro: quem é Ricardo Abrão, que assumiu mandato de Brazão na Câmara
Ex-presidente da Beija-Flor e sobrinho de bicheiro: quem é Ricardo Abrão, que assumiu mandato de Brazão na Câmara (Foto: Reprodução)

Mesa Diretora da Câmara dos Deputados cassou o mandato do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Ele é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Ricardo Abrão, deputado federal que assumiu o mandato de Chiquinho Brazão Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados O empresário e agora deputado federal Ricardo Abrão (União-RJ) assumiu a vaga deixada por Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que teve o mandato cassado pela Mesa da Câmara dos Deputados, na quinta-feira (24). Brazão é acusado de ser um dos mandates da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. ➡️Ele foi transferido para prisão domiciliar, no Rio de Janeiro, no último dia 12, mas está sem cumprir as atividades parlamentares desde que foi preso, em março de 2024. Por conta da ausência, ele teve o mandato cassado (entenda mais abaixo). Com a perda do mandato de Brazão, Ricardo Abrão assumiu as atividades parlamentares, já que é o primeiro suplente do União Brasil. Mesa da Câmara cassa mandato de Chiquinho Brazão por ausência a sessões Abrão já havia ocupado o posto de deputado federal pelo União quando a deputada Daniela Carneiro, à época no partido, se licenciou. A deputada se afastou do mandato para comandar o Ministério do Turismo, no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O deputado suplente, e agora em exercício, teve 43.219 votos nas eleições 2022. Chiquinho Brazão foi o 24º mais votado no Rio naquela eleição, com 77.367 votos. Quem é Ricardo Abrão Ricardo é filho de Farid Abrão David, que foi prefeito da cidade de Nilópolis por três vezes e presidente da escola de samba Beija-Flor. Farid morreu em 2020, em decorrência da Covid. O suplente do União é também sobrinho de Anísio Abraão David, ligado ao jogo do bicho. Ele foi preso pela Polícia Federal na Operação Furacão 2 e na Operação Dedo de Deus. Ricardo é advogado. Já foi deputado estadual no Rio de Janeiro por duas vezes e também presidiu a Beija-Flor, no período de 2017 a 2021. Antes de assumir o mandato como deputado, Ricardo ocupava o cargo de secretário de Ação Comunitária da prefeitura do Rio de Janeiro. Lá, ele também foi nomeado no lugar de Chiquinho Brazão, que ficou na prefeitura até o final de janeiro. Mandato cassado A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados cassou na quinta-feira (24) o mandato de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso desde março de 2024 como um dos supostos mandates da morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL). A decisão foi baseada no artigo 55 da Constituição Federal, que prevê a perda do mandato para o parlamentar que "deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada". ➡️ No último dia 12, Chiquinho foi transferido do presídio federal de Campo Grande (MS) para prisão domiciliar no Rio de Janeiro, sob monitoramento eletrônico. A autorização foi dada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A assessoria da Câmara dos Deputados confirmou que a decisão foi individual do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), sem provocação de partidos – e com o apoio do restante da Mesa Diretora. Dos sete membros titulares, apenas o 2º vice-presidente da Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), não assinou o ato. As regras para a perda do mandato são descritas na Constituição Federal, que prevê várias hipóteses – quebra de decoro parlamentar, ausências acima do permitido, suspensão dos direitos políticos ou condenação criminal definitiva, por exemplo. Em alguns casos, como a quebra de decoro, é preciso que o caso passe pelo Conselho de Ética e, depois, tenha maioria absoluta de votos em plenário – 257 votos na Câmara ou 41 no Senado. Em outros, como esse das ausências seguidas, a decisão é da própria Mesa Diretora – por iniciativa própria ou provocada por algum partido. No caso de Chiquinho Brazão, um processo para cassar o mandato por quebra de decoro parlamentar chegou a ser aprovado pelo Conselho de Ética da Câmara, mas ainda não tinha sido levado à votação em plenário. Com a decisão da Mesa Diretora, agora, esse processo do Conselho de Ética deve ser arquivado – vai perder "o objeto", ou seja, a razão de existir. Brazão pode recorrer à Justiça para tentar reverter a decisão da Mesa Diretora. A Constituição não prevê recursos no próprio Congresso.